Por Diego Infanti – Motivado pela pandemia do coronavírus, empreender deixou de ser um sonho para muitos brasileiros e passou a ser uma necessidade. O empreendedorismo na pandemia foi a alternativa encontrada por milhões de brasileiros para sobreviver.
De acordo com os dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) , realizada em 2019, estima-se que 53,5 milhões de brasileiros entre 18 e 64 anos empreendem. Isto é, 25% da população adulta brasileira.
Um exemplo de empreendedorismo na pandemia é Paulinho Contiero, 47 anos, produtor musical e proprietário da empresa de eventos “Retrô Anos Incríveis” que teve seu negócio diretamente afetado na pandemia.
Da organização de eventos ao empreendedorismo na pandemia
Paulinho Contiero é um caso daqueles de quem tem o empreendedorismo na veia. Idealizador da “Retrô Anos Incríveis”, ele conta que seu negócio começou em 2012 como uma forma de reunir os amigos no Juventus, local tradicional de bailes dos anos 70,80 e 90 na Mooca, zona leste de São Paulo.
Com a ajuda de mais dois familiares na organização, a primeira festa reuniu mais de 350 pessoas.
Posteriormente com a divulgação em redes sociais, fez mais 2 festas no mesmo ano. Ao mesmo tempo, Paulinho percebeu a oportunidade de transformar a organização de eventos em negócio.
Anteriormente Paulinho era dono de duas estéticas automotivas na mesma região e levava a organização de eventos como uma atividade paralela.Entretanto para isto precisou se profissionalizar.
A partir desta oportunidade decidiu então vender as estéticas automotivas e se dedicar exclusivamente à organização de eventos.
A visão de empreendedor
Em 2016 as festas começaram a atrair cada vez mais público, de modo que, ele percebeu que somente os Flashbacks não seriam suficientes para manter a audiência e resolveu investir em shows no Juventus.
Paulinho conta como surgiu a ideia de expandir seu negócio: “Em 2016 convidei 2 amigos para uma sociedade para fazermos os shows do Fabio Jr e Roupa Nova.”, lembra o empreendedor.
Além disso, “Em 2017 fizemos novamente o show do Fabio Jr para 5.000 pessoas e o do Roupa Nova. A partir deste momento começamos a ganhar “nome” neste cenário”, comenta o produtor musical e empresário.
Contudo, com a chegada da pandemia o cenário de eventos presenciais foi prejudicado e Contiero teve que lidar com uma nova forma de empreendedorismo na pandemia. “Em 2020 tínhamos vários shows marcados. O baile do Havaí consegui fazer, pois foi antes do início da pandemia. A partir de março com o começo da pandemia parou tudo e não conseguimos fazer nada.”, relembra o produtor musical.
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Paulinho Contiero conta para Konteudos como foi enfrentar o cenário de incertezas além de lidar com o empreendedorismo na pandemia.
Confira!
Konteudos: Como foi para você perceber o início da pandemia com todo seu negócio dependendo das festas presenciais e agendas de shows já acertadas para o ano de 2020?
Paulinho Contiero: Em princípio olhava para o meu sócio e falava: “Fica tranquilo, São Paulo não pode parar”. Em maio estamos de volta, fazendo show. De maneira que os piores meses foram abril, maio e junho, no período de aceitação, ao entender a doença. Além disso, perceber que os eventos não voltariam ao longo do ano.
Com isso ficamos com todo caixa da empresa parado, pois já havíamos pago o espaço e os contratos com os artistas. Os ingressos que já haviam sido vendidos não houve o retorno do dinheiro por parte da bilheteria.
De maneira que da noite para o dia você pensa: Arrancaram meu dinheiro. O que eu vou fazer agora?
Em contrapartida minha esposa tem uma empresa de limpeza de estofados e, neste ínterim, começamos a investir em divulgação e voltar nossa energia na empresa de estofados. Deu certo!
Konteudos: Como ficaram os custos fixos da sua empresa com seu negócio parado por conta da pandemia?
Paulinho Contiero: A princípio fui postergando e me desfazendo das coisas. Por exemplo, vendi meu carro. Além disso utilizei minhas economias e customizei gastos pessoais.
Juntamente com isso, outro fator me preocupou: os meus filhos mais velhos trabalham comigo. De maneira que a partir de junho eles também ficaram sem renda. Minha filha,por exemplo, foi atrás de outro emprego, bem como, meu filho.
Em suma durante o período de isolamento fiz algumas lives, vendi alguns patrocínios para levantar dinheiro.
Juntamente com essas iniciativas percebemos a possibilidade de lançar um aplicativo chamado “click Mooca”.
Meu sócio tinha uma página na internet e percebemos a oportunidade de lançar o aplicativo. Tudo que é relacionado com comércio na região da Mooca você verá no aplicativo!
Konteudos: Como foi realizar o empreendedorismo na pandemia com a idealização do “Click Mooca”?
Paulinho Contiero: Estou há 2 meses trabalhando na criação deste modelo de negócio. Por exemplo, imagens, site, desenvolvimento do aplicativo, contratos. Atualmente a minha prioridade é o “click Mooca.” Como resultado, possuímos investidores antes mesmo do lançamento do aplicativo.
De maneira que invisto minha energia e meu tempo na criação deste novo modelo de negócio. Além de contribuir com a empresa de estofados da minha esposa.
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Konteudos: Enquanto empreendedor, você busca dividir seu risco? Isto é, busca sociedades para montar seus negócios?
Paulinho Contiero: Ninguém faz nada sozinho. Eu, por exemplo, divido os meus riscos, faço sociedades. Tenho o canal no Youtube da “Retrô Anos Incríveis”, o “click Mooca”, os shows. Todos são riscos compartilhados.
De maneira que as pessoas sendo sócias, ao meu ver, trabalham igual, topam correr o risco com você. Em síntese, não sou a favor de abrir nada sozinho, e sim chamar pessoas competentes para dividir o negócio.
Além disso, se rende muito mais quando você convida as pessoas para serem sócias.
Konteudos Para você, quais as características que o empreendedor necessita ter atualmente?
Paulinho Contiero: Eu sempre fui empreendedor. Primeiramente, quando abri minhas estéticas automotivas. Sou um empreendedor atirado, entretanto não sou bobo. É uma linha tênue entre o atirado e o sonhador.
Antes de produzir um show, como por exemplo capital inicial, tive que angariar credibilidade, público, para poder apostar em um evento deste tamanho.
Diferentemente do que ocorreu com o Fabio Jr. Neste caso eu sabia que iria atrair público. De modo que fui arriscado e atirei.
Nesse sentido é arriscar dentro de uma margem. Quando eu arrisquei no Fabio Jr eu conhecia a história dele com o Juventus.
Além disso, a distância entre ser atirado e ser pé no chão é uma linha tênue e eu busco mesclar os dois.
Em contrapartida a “Retrô Anos Incríveis” só chegou aonde chegou porque eu me atirei, entretanto era um risco calculado.
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Konteudos : Você sempre calcula os riscos dos seus negócios?
Paulinho Contiero: De início, nos dois primeiros anos tive dificuldade com a organização das festas, mas acreditei. Foram 10 eventos para ter o retorno esperado e ganhar credibilidade. Já fiz 30 festas flashback.
Atualmente meu público é um público acima de 35, 40 anos, que paga mais, contudo deseja um atendimento melhor. Em suma, me dá mais lucro, menos problemas.
Konteudos: Quais as lições aprendidas você destaca para quem quer realizar o empreendedorismo na pandemia?
Paulinho Contiero: Nesta pandemia levo 4 “R”s para minha vida: Resiliência para lidar com este tipo de situação que não foi fácil. Reciclagem, pois eu tive que me reciclar em algumas coisas, inclusive pensamentos. Respeito, ao tempo para as coisas que eu não posso mudar e Recomeço.
3 Dicas de empreendedorismo na pandemia
1- Não entre em desespero por falta de dinheiro.
Segundo Paulinho um pensamento muito comum em tempos como esse é: “Nossa eu fiz uma comida tão boa, vou cozinhar para fora. Calma! você não é cozinheiro, não tem instrumentos, não tem clientela. Não se empolgue. Não sonhe demais” salienta o produtor musical.
2- Faça contas
Fazer contas é a forma mais indicada para empreender: “Quando eu vou fazer um show eu sei exatamente o que tenho que vender para dar lucro. Não saia fazendo as coisas só para ver o que vai dar. Faça contas. Veja se você tem estrutura para fazer o que você deseja fazer. Nesta pandemia eu presenciei muito isto, muitas pessoas que perderam emprego e começaram a se arriscar”, pondera Paulinho Contiero.
3– Analise a viabilidade do negócio
De acordo com Paulinho Contiero é preciso analisar a viabilidade do negócio antes de abrir o negócio. “Tome cuidado, pois além de gastar um dinheiro que você, por vezes não dispõe, acaba se frustrando. O click Mooca, por exemplo, foi todo planejado”, finaliza o empresário.
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