Você sabe o que significa gerenciamento de conflitos? Não? Ok. Mas, antes de falarmos sobre gerenciamento de conflitos e fazermos a analogia com o filme Coach Carter – Treino para a vida, precisamos entender primeiramente quais são os principais tipos de conflitos e quais são os comportamentos principais para lidar com cada um deles.
De acordo com Hilda Scarcella, especialista em coaching de executivos, existem três principais tipos de conflitos e cinco comportamentos principais para lidar com eles.
Conheça a seguir cada um deles.
3 principais tipos de Conflitos: intrapessoal, interpessoal, intergrupal
O conflito Intrapessoal é o que ocorre dentro de cada um de nós. É o conflito interno que trazemos e que impacta ao nosso redor. Afinal, são os valores morais, éticos e crenças fundamentados no meio em que fomos criados.
Ao conviver com pessoas que trazem valores diferentes dos nossos é inevitável o surgimento de um conflito. Desse modo, o conflito intrapessoal acaba sendo responsável, muitas vezes, pelo surgimento do conflito interpessoal.
Já o conflito Intergrupal corresponde ao conflito entre grupos. Ele é muito comum em grandes empresas onde os departamentos, muitas vezes, enxergam-se como rivais.
Para saber mais sobre os tipos de conflitos, leia a entrevista Gestão de conflitos nas organizações com a expert Hilda Scarcella, nela está tudo explicado em detalhes.
5 principais comportamentos para lidar com esses conflitos
Primeiramente, é importante entender quais os comportamentos mais comuns que líderes escolhem para lidar com os conflitos classificados acima. São eles:
- Dominador;
- Colaborativo;
- Condescendente;
- Despreocupado;
- Concessor.
A postura dominadora é assertiva e não cooperativa, portanto, o gestor diante de um conflito negligencia a necessidade do outro. Em suma, é uma postura necessária para ações rápidas e decisivas. Também é usada quando há a necessidade de implantação de medidas não populares.
Já a postura colaborativa é assertiva e cooperativa. Portanto, diante de um conflito o gestor busca trocar informações. Normalmente, essa postura é usada quando é preciso encontrar uma solução integrada.
Condescendente é, por outro lado, uma postura entre a assertividade e a cooperação. Diante de um conflito, a postura condescendente do líder tenta buscar uma solução que satisfaça parcialmente os dois lados. É uma postura a ser usada, principalmente, quando as metas forem moderadamente importantes.
A postura despreocupada ou evasiva não é assertiva e também não é cooperativa. Nesse caso o líder não satisfaz nenhuma das partes. É estático e lento na resposta e execuções. Em suma, é um comportamento necessário somente quando um problema não é importante.
Por fim, o comportamento concessor que apesar de não ser assertivo é cooperativo. Diante de um conflito, ao usar essa postura o líder atua como um apaziguador, dando mais valor para a outra pessoa do que a si mesmo. Esse comportamento é bastante utilizado quando o líder admite estar errado e permite ao grupo encontrar a melhor solução.
Vamos entender agora, como essas posturas são usadas para resolver conflitos durante o Filme.
Gerenciamento de conflitos com Coach Carter – Treino para a vida
Coach Carter – Treino para a vida é um filme baseado em uma história real. Ele se passa no ano de 1999 no Estado da Califórnia. Ken Carter, dono de uma loja de materiais esportivos, é convidado para treinar o time de Basquete do colégio Richmond, onde estudou e também foi jogador.
Entretanto, o time não está bem assim como os jogadores também não. Um dos exemplos é o indisciplinado Timo Cruz que, inclusive, entra para o mundo do crime. O filme nos traz vários exemplos de gerenciamento de conflitos usados por Carter que foi capaz de transformar todos os jogadores sem rumo em homens de sucesso.
Saiba aqui sobre Gestão de Conflitos: como realizar de forma eficiente e abaixo quais comportamentos Carter usou para resolver os conflitos com seu time.
Gerenciamento de conflitos – Postura Autoritária
O primeiro exemplo que vemos no filme é quando Ken Carter, então dono de uma loja de material esportivo, aceita o desafio de ser técnico do time de basquete da escola onde havia estudado.
Em princípio, mal começa a treinar o time e Carter já chacoalha a vida de todo mundo. Por exemplo, cria um sistema rígido de treino, estabelece normas a serem cumpridas e impõe no contrato conduta e forma de se vestir para cada atleta. Pronto! Conflito criado: tais decisões encontram resistência entre os jogadores porque cada um traz valores baseados no meio em que cresceu. Mas, a resistência aos poucos foi sendo vencida.
Nessa parte do filme, Carter usa a postura autoritária para gerir o conflito. Por exemplo, impõe suas normas e não deixa espaço para outras sugestões, quem não estivesse disposto a cumprir o contrato estaria fora do time.
Gerenciamento de conflitos – Postura Condescendente
Um segundo exemplo de conflito durante o filme estende-se para as cenas a seguir. Carter continua comandando o time. Avalia erros táticos, treina intensivamente. Faz os atletas dobrarem a disciplina e a dedicação. Em suma, com jeito vai ensinando a importância de seguir regras.
Nesse momento, vemos em Carter uma postura condescendente, afinal, as primeiras metas seriam as vitórias. E, apesar do time preferir treinar ataque a defesa, entendem a necessidade do treino para que a meta seja alcançada.
Desse modo, os jogadores vão compreendendo a importância do trabalho em grupo. Portanto, os relacionamentos interpessoais vão sendo superados.
Gerenciamento de conflitos: Postura Colaborativa
Quando Timo Cruz pede para voltar ao time, Carter impõe uma série de exercícios que ele não seria capaz de cumprir dentro do prazo. Quando Cruz chega ao final, o grupo, contudo, se dispõe a realizar os exercícios por ele. Esse foi o primeiro aprendizado de resolução de conflitos interpessoais, por meio de uma postura colaborativa.
Carter, então, permite que os demais jogadores façam os exercícios por Timo Cruz, usando uma postura colaborativa para com o time. O resultado começa a aparecer nas quadras e o time de basquete de Richmond começa a ganhar todas as partidas que disputa.
Outros conflitos no filme
O filme segue e Carter exige da diretoria do colégio um índice de avaliação dos atletas. Mas, ao perceber que quase todos estavam abaixo da média se irrita; e, novamente usando uma postura autoritária, fecha o ginásio e manda o time para a biblioteca. Nasce, de novo, um novo conflito. Dessa vez, com toda a comunidade.
A princípio, ele apresenta para o time as estatísticas. Mostra o futuro que os aguarda. Incentiva-os a estudarem e a buscarem objetivos mais ousados. Com esse comportamento colaborativo, faz o grupo entender. Mas, a comunidade não entendeu. E, após uma breve votação Carter é derrotado. Todavia, ao chegar no ginásio para pedir demissão, uma surpresa: lá estavam seus alunos, sentados em cadeiras, estudando.
Aquela foi mais uma vitória de resolução de conflitos. Carter havia conseguido. Estava preparando homens para a vida.
Leia também: Conflitos organizacionais – naturezas e impactos
O desfecho final
Como era de se esperar, o final surpreende a todos. Seus jogadores tiram excelente notas. Voltam a treinar. Mantêm-se invictos e são convidados a disputarem o campeonato estadual. Pela primeira vez, contudo, perdem. Nasce, então, o conflito intrapessoal. Haviam se desacostumado com a derrota.
Carter surpreende novamente nesse momento. Não dá broncas. Não faz cobranças. Apenas tece elogios. Diz que criou homens que seriam alguém na vida. Pede para que ninguém baixe a cabeça. Nesse momento Carter toma um comportamento concessor, apaziguando e consolando os atletas.
Antes de tudo, Coach Carter – Treino para a vida traz exemplos eficazes de gerenciamento de conflitos. E vai além, nos leva à reflexão sobre a importância de renovar nossos valores diariamente se quisermos continuar no caminho da vitória.
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