Se você é um aficionado por empreendedorismo ou por histórias de empreendedores de sucesso; que, pelo exemplo, ensinam mais que os livros, esse artigo é para você.
Se você é um profissional procurando aprender com os erros e acertos de pessoas geniais no mundo dos negócios, esse artigo também é para você.
Mr. Selfridge e o empreendedorimo em 1900
A narrativa, construída com base na série Mr. Selfridge da Netflix, é sobre o americano Harry Gordon Selfridge, um magnata do varejo americano-britânico que em 1909 resolveu ousar, inovar e quebrar grandes preconceitos e tabus relacionados à vida e ao comércio inglês.
Sim, há mais de 100 anos, Harry Gordon Selfridge, com empreendedorismo correndo nas veias, chegou a Londres e decidiu abrir a primeira loja de departamentos acreditando que a forma de vender e comprar naquela época era engessada e intimidante. Sua ideia era criar um lugar onde os clientes pudessem ter a experiência de tocar na mercadoria, tivessem a liberdade de escolher e decidir se queriam ou não comprar, um lugar onde as mulheres pudessem ir sozinhas, por exemplo.
Em suma, um lugar onde toda a Londres quisesse estar quer fosse para consumir quer fosse para se distrair; afinal, sua ideia era mais que uma loja, era um verdadeiro “palácio” de entretenimento que confrontava e estava pronto para quebrar todos os preconceitos e maneira de fazer negócios na época.
Em 1909, Londres era extremamente conservadora. Por exemplo, mulheres só saíam acompanhadas e só podiam trabalhar se fossem solteiras e acima de tudo não estivessem tirando o lugar de um homem; clientes não podiam tocar os produtos e mal podiam examinar os artigos, somente as amostras eram oferecidas para observação; entrar em uma loja era livre, mas comprar era uma obrigação; havia um código de conduta dos varejistas de Londres respeitado por todas as lojas locais; perfumes eram vendidos de forma velada, por serem considerados “segredos da mulher”; maquiagem estava ligada as “mulheres da noite”; e, assim por diante.
Sr. Selfridge, o Duque da rua Oxford, focado no seu próprio empreendedorismo, ignorou todo o conservadorismo da época: reinventou o comércio e deu poder às mulheres.
Percalços do empreendedorismo
Embora a história tenha acontecido há mais de 100 anos, muitos dos obstáculos encontrados por Harry Selfridge na hora de colocar seu empreendedorismo à prova, na hora de empreender de fato, não diferem dos de hoje em dia:
-
Rejeição por ser forasteiro:
Por ser americano e estar abrindo um comércio em Londres, Harry Selfridge sofreu preconceitos, desconfiança e retaliações no início. Os comerciantes e a imprensa constantemente questionavam sua idoneidade e se sentiam ameaçados por ele. Em outras palavras, o fato de não ser britânico quase pôs fim ao seu sonho.
-
Necessidade de um investidor:
Embora Harry Selfridge tenha investido 400 mil libras de seu próprio bolso, o dinheiro não foi suficiente para erguer a loja de seus sonhos. Consequentemente, precisou de investidor.
-
Dificuldade em fazer as pessoas enxergarem aquilo que você enxerga:
Enquanto Harry Selfridge enxergava sua futura loja como a obra mais revolucionária do mercado varejista mundial, alguns duvidavam de seu empreendedorismo e não enxergavam além do que viam. Por exemplo, há um momento na série que mostra o empreendedor apontando para um buraco gigantesco no chão. Esse buraco é o lugar onde será construída a nova loja. Ele tenta fazer com que as pessoas a sua volta enxerguem ali um império comercial, o melhor lugar em Londres, mas as pessoas só enxergam um buraco. As imagens abaixo, retiradas da série Mr. Selfridge da Netflix, retratam esse momento de embaraço e como o Duque da rua Oxford se saía nessas saias justas.
15 lições de empreendedorismo de Selfridge
O homem que reinventou e modernizou o comércio no início do século XX tinha pensamentos e comportamentos muito à frente de sua época. Por exemplo, no lugar de ajustar seu sonho à realidade, ajustou a realidade a seu sonho. Como consequência, deixou lições valiosíssimas para quem quer empreender. Conheça 15 delas:
1. Sonhe grande, ouse, inove, quebre regras e tabus, mude comportamentos, tenha empatia, motive, envolva, seja respeitoso e justo, seja rápido e bem relacionado.
Harry Gordon Selfridge colecionava essas características e muitas outras no seu perfil empreendedor. Uma das cenas da série retrata três das particularidades empreendedoras mais marcantes de Harry Selfridge: quebrar regras, mudar comportamentos e inovar. Em pleno início do século XX, época extremamente conservadora em Londres, em que mulheres e homens só compravam roupas sob medida em costureiras e alfaiates, ele começou a vender roupas prontas de todos os tamanhos.
2. Mantenha-se muito bem informado sobre tudo o que acontece no seu ramo de uma forma global.
Quebrando regras mais uma vez, seguindo a tendência do comércio de Paris, Harry Selfridge decidiu trazer para os balcões da frente da Selfridges os perfumes que eram guardados e vendidos na farmácia. Certamente isso causou desconfiança e rumores, principalmente entre as funcionárias da loja. Naquela época, perfume era algo secreto das mulheres e acima de tudo não podia ser revelado. Mais uma vez contrariando o conservadorismo, Harry Selfridge criou um departamento próprio para as fragrâncias bem ao lado dos itens de beleza no térreo, bem de frente para a porta de entrada. Um “escândalo” que deu muito certo. De uma tendência de Paris, criou uma nova forma de fazer compras para as mulheres conservadoras de Londres.
3. Se a ideia for boa, faça uma cópia aperfeiçoada.
Harry Selfridge implementou na Inglaterra igualmente o que já existia nos E.U.A;
4. Tenha bons contatos e crie oportunidades para que isso se amplie.
O Duque de Oxford percebeu, ainda mais sendo estrangeiro, que sem bons contatos não conseguiria colocar ou manter o seu projeto em pé. Abandonado por seu sócio, bem no início das obras da Selfridges, encontrou em um jornalista local, muito respeitado, a luz para encontrar outros aliados em potencial;
5. Busque parceiros financeiros.
Selfridge percebeu que para realizar a loja de departamentos da maneira como deveria ser, outras fontes financeiras seriam necessárias. Suas 400 mil libras investidas começariam seu sonho, mas não o manteria em pé por muito tempo.
6. Economize em qualquer coisa, mas não economize com marketing e propaganda.
Há uma cena da série Mr. Selfridge que evidencia a importância que Harry dava à publicação paga. Sr. Crab, o contador do Sr. Selfridge na série, conta a ele que com o abandono do sócio não haveria dinheiro suficiente para todas as contas até o final do ano. Porém, a resposta que recebeu de volta foi “ Dobre os anúncios, acho que precisamos de mais propaganda.
7. Entenda que o cliente sempre tem razão;
8. Atente-se às necessidades de seus clientes, sempre!
A loja de departamentos Selfridges foi a primeira loja em Londres a ter banheiros femininos, dessa forma, suas consumidoras podiam passar o dia todo na loja sem ter que voltar para casa;
9. Enxergue oportunidade onde todos enxergam inconveniência.
Durante a primeira guerra, enquanto todos estavam pessimistas e preocupados com a recessão, Harry Selfridge conseguiu o contrato para fazer a roupa de baixo do exército francês: e, durante a segunda guerra, forneceu o porão da Selfridges para abrigar a base do exército americano, dando margem à publicidade gratuita;
10. Seja imediatista com os problemas, principalmente se o problema for escassez de clientes.
As imagens abaixo, retiradas da série Mr. Selfridge da Netflix,, mostram a velocidade do Duque da rua Oxford na hora de resolver um problema.
11. Cerque-se dos melhores profissionais e valorize-os.
Harry Gordon Selfridge exigia só profissionais de qualidade dentro de sua loja;
12. Prepare um sucessor de baixo para cima.
Gordon Selfridge, único filho homem de Harry Selfridge, largou os estudos aos 14 anos porque queria trabalhar com o pai. Quando ele perguntou “ Vou ter uma mesa ao lado da sua?”. A resposta foi “Não, você vai começar no depósito e conforme seus méritos vai passando por todos os departamentos até chegar a minha sala”. Foi assim que Selfridge preparou um excelente substituto para seu cargo, fazendo seu sucessor aprender na prática todos os pontos fundamentais da empresa.
13. Pense fora da caixa.
O que tem a ver um avião com uma loja de departamentos? Para muitos, nada a ver. Para Harry Selfridge, uma maneira de levar 150 mil clientes para sua loja. Em julho de 1909, Louis Blériot, um aviador francês, foi o primeiro a sobrevoar o canal inglês. Selfridge decidiu expor o avião e o aviador em sua loja, atraindo a curiosidade de uma Londres inteira.
14. Seja extremamente dedicado ao seu sonho.
Empreender para ter sucesso é um exercício diário e exige disciplina. Por exemplo, Harry Selfridge trabalhava por longas horas, dias consecutivos; e, era sempre o primeiro a chegar e o último a sair.
15. Venda o seu sonho como se ele fosse transformar a vida da humanidade para todo o sempre.
Selfridge fazia isso muito bem, conseguindo o comprometimento, a confiança e o apoio de todos que o cercavam. O vídeo abaixo “ Mr. Selfridge, 1º temporada” apresenta momentos assim. Confira!
Esse artigo foi escrito baseado na história real de Harry Gordon Selfridge, apoiado na série Mr. Selfridge exibida na Netflix.
E, para continuar aperfeiçoando seu lado empreendedor, não deixe de ler os artigos “Conflitos Organizacionais: natureza e impactos” e “Gestão de Conflitos: como realizar de forma eficiente”. Na vida real, Harry Gordon Selfridge precisou administrar inúmeros conflitos em sua empresa para obter o sucesso. Muitos deles foram resolvidos com estratégias que estão nos artigos. Vale a pena conferir!
Deixe um comentário